REVISTA CIENTÍFICA DO HCE • ANO Il • Nº 02 15
REVISÃO DE LITERATURA Avaliação renal pela medicina nuclear na esquistossomose hematóbica Nuclear medicine: renal functional evaluation in schistosomiasis haematobia
Carmelindo Maliska1, Joaquim d’Almeida2
1. Médico do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Central do Exército/RJ e do HUCFF/RJ; Mestre em Biociências Nucleares (UERJ) e Doutorem Medicina, Radiologia, Medicina (a vírgula foi acrescentada )Nuclear (FM-UFRJ). 2 1º Ten OMT, Adjunto do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Central do Exército/RJ; Mestre em Radiologia, Medicina Nuclear (FM-UFRJ).
O Schistosoma haematobium é um trematódeo que parasita o homem,
causando a doença esquistossomose hematóbica, vesical, ou urinária,
sendo mais conhecida, na Europa e África, por bilharziose. A Organização
Mundial de Saúde estima que mais de 600 milhões de pessoas, em 74
países, estão em risco de infecção, sendo que mais de 200 milhões estão
infectados. Os hospedeiros intermediários, moluscos do gênero Bulinus,
são endêmicos na maioria dos países africanos, região oriental do
Mediterrâneo e Ásia. O parasito tem por hábitat as vênulas do plexo
vesical, onde realiza as desovas. Com base nestes dados, uma das metas
prioritárias das autoridades de saúde do mundo em desenvolvimento
são a detecção e o tratamento das doenças renais em estágios iniciais,
de 2007 e aceito em XX de XXXXX de 2007.
quando possíveis. Com este propósito a contribuição da medicina nuclear
na avaliação renal em pacientes infectados por S.haematobium,Endereço para correspondência:
acrescenta uma nova dimensão na compreensão dos problemas,
Dr. Carmelindo Maliska Rua Otávio Carneiro,
revelando anormalidades funcionais graves em alguns pacientes que
32/1501B – Icaraí – 24230-191 – Niterói – RJ. E-
Palavras-chave: esquistossomose, Schistosoma haematobium,
TEL: 2621 0061 - Res. 3891 7273 HCE setor:
cintigrafia renal, 99mTc-DTPA, 99mTc-DMSA.
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Abstract
The S.haematobium is a trematode that parasites men causing schistosomiasis haematobia or bilharziasis. The WHO
estimates that 600 million persons are under risk of being infected in 74 countries and more than 200 million are infected. The
intermediary hosts are freshwater snails of the genus Bulinus, which are endemic in almost all countries in Africa, oriental
Mediterranean, and Asia. The parasite resides in venous plexus around the vesicle bladder, where the eggs are deposited.
These lesions had no relation neither with symptoms nor with evolution time of disease. For this purpose il can be conclued
that the renal scintigraphy with 99mTc-DTPA and 99mTc-DMSA in S.haematobium infected patients would help to discriminate
those with a major probability to develop schistosomal glomerulopathy, wich does not depend out time duration of the
disease. According to the results it is possible to conclude that scintigraphy was of great value to identify the actual renal
function despite time evolution or symptoms presented. Key-words: schistosomiasis, Schistosoma haematobium, renal radionuclide imaging, 99mTc-DTPA, 99mTc-DMSA. Introdução Conceitos básicos sobre esquistossomose hematóbica
O Schistosoma haematobium Bilharz, 1852é um
trematódeo digenético que parasita o homem, causando a
A esquistossomose hematóbica, vesical, urinária, ou
doença esquistossomose hematóbica, vesical, ou urinária,
geniturinária, é mais conhecida, em muitos países da Europa
sendo mais conhecida, na Europa e África, por Bilharziose
e da África, por bilharziose (homenagem a T. Bilharz que, em
1851, encontrou o parasito em autópsias feitas no Egito)
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais
(OMS, 1993; Rey, 2001).Entretanto, na uniformização da
de 600 milhões de pessoas, em 74 países, estão em risco de
nomenclatura, em vista das modernas técnicas de difusão,
infecção, e mais de 200 milhões estão infectados, dos quais
armazenagem e recuperação de informações científicas,
20 milhões na forma grave, com um imenso impacto na saúde
prevaleceu a denominação esquistossomoseadotada pela
pública (OMS, 1985; OMS, 1993). É classificada como a
segunda maior causa, de morbidade entre as doenças
Ciclo evolutivo
parasitárias, a primeira é a malária (Mountford, 2005).
Em humanos, o S.haematobium tem por hábitat
Na deposição dentro da água doce, os ovos intumescem
preferencial as vênulas do plexo vesical, onde realizam as
osmoticamente, as conchas quebram, e o miracídio emerge
desovas. Os ovos acumulam-se na mucosa e submucosa e
com vida-curta, larva ciliada que nada e procura o hospedeiro,
saem normalmente com a urina, podendo ter outras
guiado por geotropismo positivo e por traçados minerais do
localizações, no aparelho geniturinário, ou em ramificações
molusco, eles encontram e entram no hospedeiro
das veias mesentéricas, sendo, também eliminados pelas fezes
intermediário: moluscos pulmonados do gênero Bulinus
(Cheever, 1975). Os sintomas mais típicos são: hematúria,
(família Planorbidae). Nestes o miracídio, após perder seus
polaciúria e dor à micção (Andrade e Rocha, 1979; OMS,
cílios, transforma-se em esporocisto primário que por
poliembrionia, origina esporocistos secundários, os quais
Os hospedeiros intermediários são moluscos do gênero
migram para as glândulas digestivas e ovotéstis do
Bulinus, os quais são endêmicos na maioria dos países
planorbídeo, onde cada esporocisto dará origem a numerosas
africanos, na região oriental do Mediterrâneo, na Ásia
larvas – cercárias – por reprodução assexuada (um único
principalmente na Índia e na região européia na Turquia (OMS,
miracídio pode originar mais de 100 mil cercárias). A fase no
hospedeiro intermediário (invertebrado) leva de 3 a 5 semanas.
A gravidade da doença, que depende geralmente da carga
As cercárias saem através da formação de vesículas no
parasitária, varia consideravelmente segundo o quadro clínico
tegumento do molusco que atingem as águas nas horas mais
produzido, mas leva, em muitos casos, a um acentuado déficit
quentes e luminosas do dia. Ficam livres na água, nadando
orgânico, que pode resultar em invalidez ou morte
ativamente até serem atraídas por um hospedeiro definitivo.
Ao alcançarem a pele do homem, fixam-se entre os folículos
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pilosos com o auxílio de suas duas ventosas e penetram
No soro do homem e dos babuínos (Papio anubis),
ativamente com auxílio de secreções histolíticas das glândulas
infectados com S.haematobium, encontram-se anticorpos
de penetração, que ocorre em aproximadamente 15 minutos,
letais para os esquistossômulos. Os estudos imunológicos
levando à irritação da pele. Após a penetração, as larvas
mostraram que a proteção conferida pela primeira invasão
transformam-se em esquistossômulos, adaptam-se às
parasitária promove a destruição dos parasitos nas re-
condições fisiológicas do meio interno, modificando sua
infecções em fases do ciclo evolutivo posteriores à passagem
estrutura morfológica e fisiológica. Depois de uma curta
pelos pulmões (Agnew, 1988; Pearce, 2005; Rey, 2001). Os
permanência no tecido subcutâneo, começa o processo de
linfócitos de pacientes com esquistossomose, quando
migração, crescimento, transformando-se em formas
incubados com ovos viáveis de S.haematobium, provocam
unissexuada macho e fêmea, dando-se o acasalamento entre
a formação de um fator solúvel que é quimiotáxico para
o 29º e 31º dia. A oviposição começa por volta dos 65 dias e os
eosinófilos. Tais fatos, parecem corresponder à imunidade
ovos aparecem nas dejeções a partir da 10a semana. Completa-
mediada por células e destacam o papel dos linfócitos no
se, assim, o ciclo evolutivo do helminto (Walsh et al., 1998;
controle da atividade eosinofílica, no organismo humano
Batista et al., 2001; Rey et al., 2001; Roos et al., 2002).
(Cheever, 1975; Wadde e Sher, 1980; Barsoum, 2003;
Mountford, 2005; Pearce, 2005; Carvalho e Andrade, 2006;
Distribuição geográfica e prevalência da esquistossomose hematóbica
Fatores genéticos, condições fisiológicas e nutricionais,
hábitos e condições gerais de vida, bem como a falta de
Em suas diversas formas, as esquistossomoses foram
acesso à educação e aos recursos médicos, contribuem por
assinaladas em 76 países de três continentes: América, África
sua vez para complicar os dados do problema (Rey, 1982;
e Ásia, onde algumas centenas de milhões de indivíduos
OMS, 1985; Rey et al., 1987; OMS, 1993; Rey, 2001; Carvalho
estão expostos ao risco de infecção. O número máximo
provável de casos tem sido estimado pelo segundo relatório
Em Moçambique, apenas 1% dos moluscos que transmitem
do Comitê de Especialistas da OMS de 1993, em cerca de 200
o S.haematobium e o S.mansoni são infectados. A densidade
cercariana, em determinado lugar, é influenciada não só pela
Na África, quase todos os países possuem áreas
hora do dia e pela correnteza do meio, mas também por outros
endêmicas, que só não foram registradas na República Saaraui,
fatores. O poder de penetração das cercárias, na pele, diminui
em Ruanda e Burundi. Os países mais afetados são: Egito,
rapidamente poucas horas depois de terem elas abandonado
Gâmbia, Senegal, Mali, Burquiná-Fasô, Ghana, Togo, Benin,
o molusco hospedeiro (Rey, 1982; Rey et al., 1987; Rey, 2001).
Nigéria, Chade, Sudão, Tanzânia, Maláui, Moçambique,
Angola, Zâmbia, Zimbábue, Suazilândia e República Sul-
Africana (Chu, 1978; James e Webbe, 1973; OMS, 1993). Em
Associação: lesão glomerular e esquistossomose
Moçambique, todo o território conta com focos endêmicos,
A atenção para a associação entre lesão glomerular com a
geralmente com elevada prevalência. As taxas mais altas, nos
esquistossomose só ocorreu na década de 60; quando surgi-
dados de 1961, encontravam-se nas províncias do norte
ram, relatos do envolvimento do trato urinário em pacientes
(Zambézia 81,9%, Nampula 80,9%, Niassa 70,5% e Cabo
com esquistossomose hepato-esplênica por S.mansoni no
Delgado 67,8%); as mais baixas no noroeste (Tete 45,1%) ou
Brasil (Abensur et al., 1992; Nussenzveig, 2002).
no sul (Maputo 47,6%, Gaza 59%, Inhambane 57,1%) (Rey et
As primeiras observações clínicas já estavam em acordo
al., 1987). O controle vinha sendo impedido pela ação dos
com trabalhos experimentais que mostravam lesões glome-
mercenários que promoviam a guerrilha, até há pouco tempo.
rulares e/ou depósitos de imunocomplexos, como o Antígeno
Na Ásia, os focos mais importantes encontram-se no Iraque;
Anódico Circulante e o Antígeno Catódico Circulante, em
havendo outros na Turquia, na Síria, no Líbano, no Irã e no
animais de experimentação expostos à infecção (Agnew et
Iêmen. Na Arábia Saudita, o programa de controle já havia
al., 1988; Barsoum et al., 1996; Martinelli e Rocha, 1996; Van
reduzido a prevalência nas áreas endêmicas a menos de 1 ou
Lieshout et al., 2000). Relatórios clínicos, Barsoum et al.,
1996; Martinelli e Rocha, 1996; Barsoum, 1998; Doe et al.,
2006, feitos no Brasil, Porto Rico, Egito, Sudão, Somália,
Relação: parasito – hospedeiro
Nigéria, Madagascar, Malásia, Arábia e outros países, confir-
O S.haematobium, em condições naturais, além do
maram a identidade da Glomerulopatia Esquistossomótica
homem, só infecta outros vertebrados, excepcionalmente
como uma entidade distinta. A autenticidade da síndrome
corresponde à resposta imunológica ao antígeno do verme
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adulto na circulação e a independência da presença de
histopatológicas: 1-glomerulonefrite mesângio-proliferativa;
oviposição (Andrade e Rocha, 1979; Barsoum, 1993; Barsoum
2- glomerulonefrite membranoproliferativa; 3- glomerulo-
et al., 1996; Barsoum, 1998). Pela primeira vez, depois de anos
esclerose focal e segmentar; 4- glomerulonefrite exudativa e
de pesquisa com este parasito, levantou-se a hipótese que a
morbidade da esquistossomose estar dissociada da forma
Não existe predileção pelo agente de nenhuma espécie e
granulomatosa - resposta clássica para o depósito do ovo,
que os principais antígenos (glico-conjugados), estão
apesar do aparelho urinário ser o órgão mais afetado, o
presentes em todas as espécies de Schistosoma (Oyediran,
granuloma pode ser encontrado em vários outros órgãos,
tanto dentro de vasos como fora (Ezzat et al., 1974; Cheever,
1975; Mountford, 2005; Carvalho e Andrade, 2006; Corrêa-
Quadro clínico
Na fase aguda os sintomas caracterizam-se inicialmente
Em um grupo de 240 casos de esquistossomose man-
por uma dermatite cercariana, que dura dois ou três dias. Sua
sônica, Barsoum, 1993, verificou a incidência de 20% de
ocorrência é rara entre os habitantes das zonas endêmicas.
proteinúria assintomática e, à biópsia renal, demonstrou,
Sintomas gerais podem aparecer, algumas semanas mais tarde,
através da microscopia óptica e de imunofluorescência,
acompanhadas com febre, cefaléia, dores generalizadas, mal-
Glomerulopatia Esquistossomótica clássica em 15 pacientes,
estar e anorexia, acompanhados eventualmente por manifes-
demonstrando que a atividade de imunocomplexos estava
tações alérgicas. Sintomas pulmonares (tosse) e gastrin-
presente. Em estudo de campo em pacientes expostos à
testinais (náusea, vômitos e diarréia) podem apresentar-se.
infestação por S.haematobium, Ezzat et al., 1974, relataram
Há aumento do fígado e do baço, que chegam a ser dolorosos
proteinúria moderada em 39,8% e 54,5%, e proteinúria intensa
à palpação. No sangue, a eosinofilia é intensa. Esse quadro
em 1,9 e 4,8% dos habitantes em dois vilarejos do Alto Egito
toxêmico, poucas vezes observado, encontra-se, sobretudo,
que usavam sistema de irrigação perene, com alta prevalência
em forasteiros e turistas que visitam zonas endêmicas
de infestação por S.haematobium. Em um vilarejo controle,
(Cheever, 1975; Wadde e Sher, 1980; Wilson, 1996; Pearce,
usando um sistema de irrigação contínua com uma baixa
2005; Carvalho e Andrade, 2006; Corrêa-Oliveira, 2006).
prevalência de infestação por S.haematobium, somente um
A fase crônica começa dois meses e meio a três, após um
indivíduo exposto tinha proteinúria significativa. Em estudo
grande ataque cercariano. Mas, na generalidade dos casos,
“post-mortem” com 268 expostos, não houve correlação entre
seu início é discreto, instalando-se a doença pouco a pouco,
as anormalidades glomerulares e a presença e intensidade da
na medida em que os habitantes de áreas endêmicas vão
infestação por S.haematobium (Barsoum et al., 1996).
acumulando parasitos e seus ovos vão desencadeando o
Entretanto em outro estudo com 16 expostos infestados com
processo inflamatório (Cheever, 1975; Wadde e Sher, 1980;
S.haematobium e assintomáticos, Barsoum, 1998, encontrou
Wilson, 1996; Pearce, 2005; Carvalho e Andrade, 2006; Corrêa-
alterações glomerulares em 18,6% das biópsias renais e
depósitos de IgG em 68,8%, IgM em 50% e antígeno
Entre as primeiras e mais freqüente das manifestações da
esquistossomótico em 25% dos casos. Os autores concluíram
fase crônica está a hematúria. Ela pode ser macroscópica ou
que a glomerulopatia por S.haematobium, pode ser consi-
microscópica, de caráter inconstante, podendo ser importante
derada um achado histopatológico, sem correspondência com
durante alguns dias para desaparecer em seguida. Essa perda
a clínica (Barsoum, 1993; Ezzat et al., 1974; Barsoum et al.,
sangüínea, bem como a proteinúria que a acompanha, não
são suficientes para causar anemia ou alterar as proteínas
Barsoum, 1993, em uma revisão editorial, conclui que a
séricas do paciente (Ezzat et al., 1974; Wilkins, 1979).
incidência da doença glomerular na esquistossomose é difícil
A inflamação e demais lesões da mucosa e submucosa da
de ser calculada por quatro razões principais: 1- pela falta de
bexiga e dos ureteres são responsáveis não só pela hematúria
atenção médica em identificar a nefropatia esquistossomótica
como também pela sensação de dolorimento na região
como uma síndrome clínica; 2- pela falta de adequada
suprapúbica ou perineal e pela disúria (Wilkins, 1979; Gonzalez
ferramenta para o diagnóstico na maioria das áreas endêmicas;
e Suki, 1995). Os pacientes sentem necessidade freqüente de
3- ausência de um critério patognomônico de diagnóstico; 4-
urinar (polaciúria) (Gonzalez e Suki, 1995). O ato de micção
na infestação por S.haematobium: a clínica, o laboratório e
acompanha-se de dor, principalmente ao final da micção. A
as características histopatológicas de doença glomerular,
mucosa apresenta aspecto granuloso, rugosidades ou
imitam a nefropatia obstrutiva e por refluxo.
depressões, sendo ora hipertrofiada, ora atrofiada. Fístulas e
Entretanto, Barsoum, 1993, sugeriu a classificação das
divertículos ou formações císticas ao exame histológico
glomerulopatias esquistossomóticas em cinco categorias
decorrentes de invaginações da mucosa, isoladas da
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superfície epitelial, podem formar-se também (Abdel-Ghaffar,
No tratamento da esquistossomose hematóbica o prazi-
quantel é o quimioterápico de escolha com boa eficácia contra
Entre as complicações eventuais da esquistossomose
o verme adulto; porém pode resultar em baixa taxa de cura em
hematóbica destaca-se a calculose. Os cálculos podem
regiões hiperendêmicas, possivelmente porque este poderia
aparecer nos cálices renais, nos ureteres ou na bexiga,
ser relativamente inútil contra novas infecções, ou naqueles
acompanhando-se do cortejo sintomático que lhes é peculiar
que são imunodeprimidos (King, 1988; King e Mahmoud, 1998;
(Abdel-Ghaffar, 1970; Rushton, 1992).
OMS, 1993; Mountford, 2005). Outros dois medicamentos
A hidronefrose é uma complicação grave da doença,
podem ainda ser utilizados: o metrifonato, Davis e Bailey, 1969;
estando em relação direta com os fenômenos obstrutivos
OMS, 1993; King e Mahmoud, 1998, e o niridazol (OMS, 1993).
das vias urinárias (Klahr et al., 1991; Klahr e Harris, 1992;
Gulmi et al., 1998; Curhan et al., 2000). Medicina nuclear
A medicina nuclear tem como característica principal a
Diagnóstico clínico, laboratorial e tratamento.
avaliação, de forma não-invasiva, da função de um órgão, ou
Os dados clínicos, principalmente a hematúria, a disúria
de um processo metabólico específico. Em nefrologia auxilia
e, eventualmente, a dor à micção, são altamente sugestivo de
na investigação de hipertensão arterial, infecção urinária,
esquistossomose hematóbica. Em áreas endêmicas, a
obstruções ao fluxo urinário, transplante renal, etc. Tendo
hematúria em indivíduos jovens é quase sempre justificada
em vista a baixa dose de radiação a que o paciente é exposto,
pelo encontro de ovos de S.haematobium nos exames
tem-se mostrado método de escolha para acompanhamento
laboratoriais. A pesquisa de sangue na urina tem sido
do paciente, quando a repetição, e a comparação entre exames
recomendada por sua simplicidade e rapidez para substituir
é fundamental para tomadas de decisão no tratamento e
os exames microscópicos, principalmente em inquéritos
prognóstico. Atualmente a disponibilidade de equipamentos,
epidemiológicos (OMS, 1985; OMS, 1993).
e isótopos radioativos é ampla em todo o país, não se
Laboratorialmente, o uso de filtros de náilon (ou de outros
restringindo apenas às grandes cidades (O’Reilly et al., 1978;
materiais, corno o policarbonato ou o papel) para o exame
O’Reilly, 1979; Lamki e Lamki, 1981; Lowry et al., 1988; Pjura
parasitológico da urina, introduzido nestes últimos anos,
et al., 1988 O’Reilly et al., 1996; Fine, 1999).
superou todos os problemas técnicos antes existentes e
Na cintigrafia renal dinâmica o uso de compostos que
colocou o método à frente de qualquer outro, por sua
são filtrados e eliminados pelo rim permite determinar a
simplicidade, rapidez, baixo custo e reprodutibilidade,
perfusão, a função e a excreção através do trato urinário, em
tomando-o ainda o melhor método quantitativo de que
forma seqüencial e fisiológica. O estudo renal dinâmico, com
dispomos. A adição de uma gota de Lugol, para corar os
99mTc-DTPA, é um método não invasivo, atóxico, com baixa
ovos, facilita sua evidenciação (Rey, 1982; OMS, 1985; Rey
dose de radiação para o paciente e que faz uma avaliação da
et al., 1987; OMS, 1993; Rey, 2001).
função e da drenagem do sistema renal (O’Reilly et al., 1978;
Quando não se dispõe do material para filtração, acima
Pjura et al., 1988; O’Reilly et al., 1996; Saha, 1998; Müller-
referido, a pesquisa de ovos de S.haematobium deve ser
feita no sedimento urinário, obtido seja por centrifugação em
A cintigrafia renal estática, mediante a utilização de um
uma centrífuga clínica, elétrica ou manual, seja por meio de
radiofármaco 99mTc-DMSA, permite que após sua
sedimentação espontânea em cálice cônico. Esse método não
administração endovenosa, fixa-se nas células do túbulo
se presta para a quantificação. O sedimento pode ser usado,
contornado proximal, sendo a imagem, dependente da
também, para o teste de eclosão de miracídios (Rey, 1982;
quantidade de néfrons funcionantes, do fluxo sanguíneo renal,
da taxa de filtração glomerular e da extração e fixação tubular.
A cistoscopia auxilia na oportunidade da realização de
O estudo possibilita estimar a “massa renal
biópsias, com as quais poder-se-á confirmar o diagnóstico.
normofuncionante”, e detectar cicatrizes renais, pois nas áreas
Nas fases ativas da infecção elas não são necessárias para
com tecido lesado ou cicatricial, não há fixação do
esse fim; porém nos casos crônicos, quando a eliminação de
radiofármaco. O exame possibilita a quantificação da função
ovos é muito escassa ou inexistente, ou quando não existam
relativa, regional e global, dos rins (O’Reilly, 1979; Pjura et
mais que as seqüelas de uma infecção pregressa, essas técnicas
al., 1988; Parsouns e Simpson, 2003).
são essenciais. A biópsia ou a escarificação são indicadas para
Os radiofármacos: 1- 99mTc - DTPA (Tecnécio-99m – ácido
esclarecer lesões atípicas da pele e dos órgãos genitais (Rey,
dietileno triaminopentacético) É utilizado por via endovenosa;
1982; OMS, 1993; Rey, 2001; Conceição e Silva, 2006).
sendo uma pequena fração – 5 a 10% - ligada às proteínas
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plasmáticas. A sua excreção se faz principalmente por filtração
Em estudo recente, D‘Almeida et al., 2007a, observaram
glomerular, permitindo estudos dinâmicos da perfusão renal,
que em 19 militares brasileiros que estiveram em Missão de
da capacidade de filtração glomerular, do tempo de trânsito
Paz em Moçambique, com esquistossomose hematóbica
no córtex e do fluxo urinário pelo sistema pielocalicial, ureteres
crônica, com tempo variável de sinais e sintomas, 13 pacientes
e bexiga. Imagens tardias permitem avaliação do sistema
tinham cintigrafia renal com 99mTc-DTPA, alargamento da
coletor intra-renal e ureteres, mas não a avaliação do
curva de excreção do nefrograma, porém nenhum com padrão
parênquima renal, tendo em vista a sua rápida excreção pelo
obstrutivo. Dos pacientes com a fase excretora do nefrograma
néfron (Lowry et al., 1988; Pjura et al., 1988; Saha, 1998;
alargada 11 apresentaram lombalgia (D‘Almeida et al., 2007a).
Müller-Suur e Pringent, 2004; Oei e Oei, 2004). 2-99mTc - DMSA
As primeiras observações clínicas em trabalhos
(Tecnécio-99m - ácido dimercaptossuccínico) É utilizado por
experimentais que mostravam lesões glomerulares e/ou
via endovenosa; 90% da dose injetada se liga a proteínas
depósitos de imunocomplexos, em animais de experimentação
plasmáticas e somente pequenas parte é excretada pela urina.
expostos à infecção, confirmaram a identidade da
Após uma hora da injeção, cerca de 50% da dose está ligada
Glomerulopatia Esquistossomótica como uma entidade
aos grupos sulfidril das células do túbulo contornado
distinta (Agnew et al., 1988; Barsoum et al., 1996; Barsoum,
proximal; em 24 horas a taxa de ligação pode chegar a 70% da
1998; Doe et al., 2006; Martinelli e Rocha, 1996; Van Lieshout
dose administrada; praticamente não há visualização do
et al., 2000). A autenticidade da síndrome corresponde à
sistema excretor. É utilizado fundamentalmente para avaliação
resposta imunológica ao antígeno do verme adulto na
estática do córtex renal e da função renal percentual, 2 a 24
circulação e a independência da presença de oviposição
horas após a injeção (Lowry et al., 1988; Pjura et al., 1988;
(Andrade e Rocha, 1979; Barsoum, 1993; Barsoum et al., 1996;
Saha, 1998; Müller-Suur e Pringent, 2004; Oei e Oei, 2004).
Barsoum, 1998). Fato confirmado pela cintigrafia dinâmica
A dose de radiação recebida pelo paciente é menor que a
com 99mTc-DTPA, que é um traçador de função glomerular.
absorvida por qualquer outro método que emprega radiação
ionizante. Segundo a ICRP (International Commission on
Barsoum, 1993, concluiu que a glomerulopatia
Radiological Protection) (ICRP, 1999) a dose recebida pelo
esquistossomótica pode ser considerada um achado
órgão crítico – bexiga – nos exames com 10 mCi (370MBq) de
histopatológico sem correspondência com a clínica. Estas
99mTc-DTPA é de 2,29 mSv e dos rins nos exames com 5 mCi
observações estão de acordo com os resultados observados
(185MBq) de 99mTc-DMSA, é de 1,33 mSv em que numa
por D‘Almeida et al.,2007ª, em seu estudo dinâmico 99mTc-
radiografia de coluna lombar, o útero recebe uma dose de
DTPA bem como em seu estudo morfo-funcional com 99mTc-
4,78 mSv por exame (OPAS-OMS, 1987). Estas doses podem
DMSA em que as lesões cicatriciais não apresentaram
ser consideradas muito pequenas, levando-se em conta ainda
correlação com as manifestações clínicas e tempo de doença
que a dose anual máxima para o público é de 5 mSv e que em
uma praia de areias monazíticas em Guarapari-ES a radiação
Com base nestes dados, uma das metas prioritárias das
natural é da ordem de 175 mSv por ano (UNEP, 1985).
autoridades de saúde do mundo em desenvolvimento é a
detecção e o tratamento das doenças renais em estágios iniciais,
Considerações finais
quando possível (Hilson, 2004; Barsoum, 2006). Com este
propósito a contribuição da medicina nuclear na avaliação
Nos primeiros estudos radioisotópicos renais em
renal em pacientes infectados por S.haematobium, acrescenta
pacientes com esquistossomose hematóbica, Britton et al.
uma nova dimensão na compreensão dos problemas, revelando
(1979), descreveram padrão de obstrução nas cintigrafias
anormalidades funcionais graves em alguns pacientes
aparentemente bem (Oyediran, 1979; Hilson, 2004).
Em 1987, Britton et al. observaram significativo aumento
No estágio atual do conhecimento, as lesões renais sub-
do tempo de trânsito parenquimatoso em pacientes com
clínica na esquistossomose são facilmente evidenciáveis pela
esquistossomose hematóbica crônica.
Medicina Nuclear – e Imagem Molecular – através das
Bahar et al., 1988, observaram em 92 pacientes, oriundos
cintigrafias com 99mTc-DTPA e 99mTc-DMSA.
de zonas endêmicas (Egito, Iêmen e Iraque) com esquis-
tossomose hematóbica crônica, mudanças da dinâmica renal
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nas cintigrafia com 99mTc-DTPA. Observaram também que em
68% desse pacientes, o padrão da fase excretora da curva do
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The Brain-Gut Connection Why do we get butterflies in our stomach before a performance? Why does indigestion produce nightmares? Why are antidepressants now also being used for gastrointestinal ailments? It turns out that both our gut and our brain originate early in embryogenesis from the same clump of tissue which divides during fetal development. While one section turns into the central ne
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